Sonda Messenger revela mais segredos da superfície de Mercúrio

De todos os planetas do sistema solar, Mercúrio é o que menos foi visitado e seu estudo direto através de telescópios é muito prejudicado devido à proximidade do Sol. O planeta só pode ser visto antes ou depois do nascer e pôr-do-Sol e nestas ocasiões está tão baixo no horizonte que sua luz refletida tem que passar por uma densa camada de atmosfera, prejudicando ainda mais a observação.


Com o objetivo de estudar mais de perto o planeta, a Nasa enviou para lá em agosto de 2004 a sonda especializada Messenger, que realizou a primeira aproximação de Mercúrio em janeiro de 2008. Em outubro do mesmo ano a sonda realizou outra aproximação, registrando diversas imagens de regiões nunca antes vistas pelos cientistas. Na ocasião, a Messenger chegou a apenas 200 quilômetros da superfície mercuriana.

Normalmente, a quantidade de dados gerados durante uma aproximação é muito grande, fazendo com que a análise seja bastante demorada. No entanto, alguns resultados dessa aproximação começam a ser publicados e revelam detalhes interessantes do ambiente de Mercúrio, especialmente seu relevo.

Durante a aproximação a sonda descobriu uma grande bacia de impacto de aproximadamente 700 quilômetros de diâmetro, que foi batizada com o nome de Rembrandt. Segundo o estudo, publicado na revista científica Science, a cratera foi formada há 3.9 bilhões de anos, próximo ao final do período de intensos bombardeios de asteróides que marcaram a formação do Sistema Solar interior. Apesar da idade, Rembrandt é uma das mais jovens crateras da paisagem mercuriana.


Crosta de Mercúrio
De acordo com a cientista Brett Denevi, pesquisadora da Escola de Exploração da Terra e Espaço, da universidade do Arizona, antes da Messenger havia algumas evidências de que a composição da crosta de Mercúrio era similar à da Lua, presumindo-se que tinham se formado da mesma forma, com algum tipo de vulcanismo sendo um componente secundário.

No entanto, apesar das regiões mais elevadas da Lua terem sido formadas como resultado de um grande oceano de magma, onde os materiais menos densos flutuaram em direção à superfície formando a crosta, os dados atuais mostram que a crosta de Mercúrio se formou de modo muito mais parecido com a crosta de Marte.

Através do mapeamento geológico, Denevi e seus colegas conseguiram distinguir três grandes tipos de solo em Mercúrio: as planícies suaves, solos intermediários e materiais de baixa reflexão. "As planícies suaves cobrem aproximadamente 40% da superfície e são compostas em sua maioria por material de origem vulcânica. A extensão dessas planícies é maior do que as da Lua, onde planícies vulcânicas cobrem menos de 20% da superfície", disse Denevi.


Cratera de Impacto
A imagem mostrada no topo foi obtida quando a sonda orbitava o planeta a apenas 200 quilômetros de altitude e ajudou os cientistas a compreenderem um pouco mais sobre a geologia do planeta. A cena destaca as variações de composição da crosta planetária, tanto horizontalmente como verticalmente, tendo ao centro uma cratera de 68 quilômetros de diâmetro que expõe a estratigrafia da região.

Na cena, o declive acentuado e os materiais de maior reflexão que foram ejetados durante o impacto que deu origem à cratera estão destacados em laranja brilhante. Esse material foi praticamente escavado da planície suave, enterrada pelo material menos reflexivo visto ao redor da borda da cratera.

Um pico central na cratera, destacado em azul, expõe um tipo de material de baixa reflexão que veio à tona durante o processo de criação. O mesmo material pode ser visto em diversas áreas ao redor da cratera e provavelmente foi ejetado durante o poderoso choque.

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Foto: Cratera mercuriana registrada pela sonda Messenger em outubro de 2008. Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Arizona State University/Carnegie Institute of Washington.
Fonte: www.apolo11.com

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