Europeus acham menor planeta extrassolar
Um grupo de astrônomos europeus anunciou ontem ter detectado o menor planeta fora do Sistema Solar até agora. De quebra, afirmou que um vizinho dele é forte candidato a ter um oceano --e, talvez, vida.
O novo planeta, batizado Gliese 581e, tem apenas 1,9 vez a massa da Terra. Ele orbita a estrela onde há dois anos a mesma equipe de pesquisadores descobriu um mundo com diâmetro semelhante ao da Terra e supostamente dentro da chamada zona habitável, região onde é teoricamente possível encontrar água líquida.
O pequeno astro é o quarto planeta descoberto em torno da estrela Gliese 581, que vem sendo observada assiduamente há cinco anos pelo suíço Michel Mayor e colegas, com o auxílio de um telescópio do ESO (Observatório Europeu do Sul) em La Silla, norte do Chile.
"Nossas observações indicavam que ainda havia espaço para encontrar mais planetas lá. A surpresa foi achar um tão pequeno e tão perto da estrela", disse à Folha Xavier Bonfils, do Observatório de Grenoble, França, coautor da descoberta.
Apesar de ser rochoso, como a Terra, o planeta "e" está perto demais de sua estrela para ser um bom candidato à vida. Sua distância em relação a Gliese 581 equivale a menos de 10% da distância da Terra ao Sol. Nessa região, qualquer oceano que viesse a se formar no mundinho seria vaporizado. E água líquida, até onde os cientistas sabem, é essencial à vida.
A descoberta, no entanto, é importante por outra razão: ela mostra aos astrônomos que o céu é literalmente o limite para a detecção de planetas tipo Terra fora do Sistema Solar.
Por Júpiter
A caça aos planetas fora da Terra foi iniciada em 1995 por Mayor, do Observatório de Genebra, e seu colega Didier Queloz. Esses astros, porém, são praticamente impossíveis de observar diretamente, pois estão muito longe e acabam ofuscados pela luz de suas estrelas. Sua detecção precisa ser indireta, por meio do puxão gravitacional que eles exercem.
Até pouco tempo atrás, achava-se que só fosse possível detectar planetas gigantes gasosos, como Júpiter, que exercem um puxão mais distinguível --mas que são todos inabitáveis. O aperfeiçoamento dos instrumentos e os vários anos de dados acumulados permitiram detectar mundos como a Terra.
"Quando descobrimos o primeiro planeta extrassolar, não podíamos imaginar que isso poderia estar no domínio da astronomia hoje", disse Mayor.
Também ajudou o fato de o grupo ter escolhido o alvo certo: Gliese 581 é uma anã-vermelha, uma classe de estrela menor e menos brilhante que o Sol. No começo da década, anãs-vermelhas eram desprezadas pelos caçadores de planetas -que as consideravam frias demais para abrigar planetas habitáveis. Mas justamente o fato de elas serem mais "apagadas" ajuda na detecção de planetas rochosos.
Novos alvos
As observações do grupo europeu também permitiram refinar dados sobre a órbita e a massa dos outros planetas do sistema Gliese 581. Um deles, o "c" --o tal "gêmeo" da Terra--, talvez esteja na zona habitável. E seu vizinho, o "d", certamente está. Apesar de não ser inteiramente rochoso, "ele poderia até mesmo ser coberto por um oceano", disse em comunicado do ESO o suíço Stéphane Udry, outro membro da equipe.
Bonfils afirma que ainda é possível descobrir mais planetas com até duas vezes a massa terrestre na zona habitável de Gliese 581. "Daqui a dois anos talvez possamos anunciar outro." E o trabalho não para por aí: há 310 anãs-vermelhas candidatas a abrigar novas Terras na mira dos pesquisadores.
Fonte:
O novo planeta, batizado Gliese 581e, tem apenas 1,9 vez a massa da Terra. Ele orbita a estrela onde há dois anos a mesma equipe de pesquisadores descobriu um mundo com diâmetro semelhante ao da Terra e supostamente dentro da chamada zona habitável, região onde é teoricamente possível encontrar água líquida.
O pequeno astro é o quarto planeta descoberto em torno da estrela Gliese 581, que vem sendo observada assiduamente há cinco anos pelo suíço Michel Mayor e colegas, com o auxílio de um telescópio do ESO (Observatório Europeu do Sul) em La Silla, norte do Chile.
"Nossas observações indicavam que ainda havia espaço para encontrar mais planetas lá. A surpresa foi achar um tão pequeno e tão perto da estrela", disse à Folha Xavier Bonfils, do Observatório de Grenoble, França, coautor da descoberta.
Apesar de ser rochoso, como a Terra, o planeta "e" está perto demais de sua estrela para ser um bom candidato à vida. Sua distância em relação a Gliese 581 equivale a menos de 10% da distância da Terra ao Sol. Nessa região, qualquer oceano que viesse a se formar no mundinho seria vaporizado. E água líquida, até onde os cientistas sabem, é essencial à vida.
A descoberta, no entanto, é importante por outra razão: ela mostra aos astrônomos que o céu é literalmente o limite para a detecção de planetas tipo Terra fora do Sistema Solar.
Por Júpiter
A caça aos planetas fora da Terra foi iniciada em 1995 por Mayor, do Observatório de Genebra, e seu colega Didier Queloz. Esses astros, porém, são praticamente impossíveis de observar diretamente, pois estão muito longe e acabam ofuscados pela luz de suas estrelas. Sua detecção precisa ser indireta, por meio do puxão gravitacional que eles exercem.
Até pouco tempo atrás, achava-se que só fosse possível detectar planetas gigantes gasosos, como Júpiter, que exercem um puxão mais distinguível --mas que são todos inabitáveis. O aperfeiçoamento dos instrumentos e os vários anos de dados acumulados permitiram detectar mundos como a Terra.
"Quando descobrimos o primeiro planeta extrassolar, não podíamos imaginar que isso poderia estar no domínio da astronomia hoje", disse Mayor.
Também ajudou o fato de o grupo ter escolhido o alvo certo: Gliese 581 é uma anã-vermelha, uma classe de estrela menor e menos brilhante que o Sol. No começo da década, anãs-vermelhas eram desprezadas pelos caçadores de planetas -que as consideravam frias demais para abrigar planetas habitáveis. Mas justamente o fato de elas serem mais "apagadas" ajuda na detecção de planetas rochosos.
Novos alvos
As observações do grupo europeu também permitiram refinar dados sobre a órbita e a massa dos outros planetas do sistema Gliese 581. Um deles, o "c" --o tal "gêmeo" da Terra--, talvez esteja na zona habitável. E seu vizinho, o "d", certamente está. Apesar de não ser inteiramente rochoso, "ele poderia até mesmo ser coberto por um oceano", disse em comunicado do ESO o suíço Stéphane Udry, outro membro da equipe.
Bonfils afirma que ainda é possível descobrir mais planetas com até duas vezes a massa terrestre na zona habitável de Gliese 581. "Daqui a dois anos talvez possamos anunciar outro." E o trabalho não para por aí: há 310 anãs-vermelhas candidatas a abrigar novas Terras na mira dos pesquisadores.
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