Mais um adeus e uma estranha galáxia




Parece final de ano, no caso final de festa. Os astronautas da Atlantis ainda estão trabalhando na manutenção do Hubble. Uma das trocas previstas é a substituição da câmera WFPC2 pelo modelo mais novo, a WFPC3, conforme contei aí abaixo.
Duas coisas, porém, eu não mencionei. A primeira é que a WFPC2 foi a câmera que salvou o Hubble. Lembra quando ele foi lançado e as imagens que chegaram eram tudo, menos decentes para um telescópio espacial? Uma investigação posterior mostrou que se tratava de um defeito na curvatura do espelho, mas e daí? O estrago tinha sido grande e bilhões de dólares tinham ido para o espaço. Literalmente.
Um dos cientistas responsáveis pela WFPC conseguiu convencer a Nasa de que era preciso manter um clone dela na Terra. Dessa maneira, enquanto uma câmera orbitava a Terra, outra estava no laboratório. E foi com ela que os astrônomos trabalharam para tentar desfazer o estrago que um espelho defeituoso inseria nas imagens. Daí nasceu a WFPC2, que foi ao espaço na primeira missão de manutenção.
A segunda coisa é que a WFPC3 leva junto um pedaço da WFPC original. O dissipador de calor da câmera original foi reciclado e aproveitado na nova câmera.
Mudando um pouco de assunto, outro instrumento dá adeus aos astrônomos: o Telescópio Espacial Spitzer passou a operar em modo “morno”. Dia 15 agora, a carga de hélio líquido que mantinha a câmera IRAC em temperaturas próximas de zero absoluto se esgotou. Com isso, a câmera deixou de contar com dois de seus detectores, que precisam dessa temperatura muito baixa para operar. O instrumento todo tem temperaturas baixas normalmente, por que está em órbita no espaço, então ainda será possível aproveitar os outros detectores restantes. Por isso os astrônomos resolveram chamar isso de modo “morno”.
Bom, morna não será a discussão a respeito desta galáxia. Ela parece ter duas patas azuis, não? Mas não é esse o problema. A imagem em rádio está processada em azul escuro, em azul claro vemos a de raios-X e o vermelho mostra a imagem no óptico. Em geral, as imagens em rádio e raios-X são bem parecidas, mas no caso da galáxia 3C305 ocorre que os raios-X se parecem muito, muito mais com óptico.
Ninguém sabe dizer por que, mas o palpite é que um buraco negro supermaciço no interior desta galáxia tenha esquentado o gás dela de modo que ele esteja emitindo em raios X. O fato é que, para descobrir se isso é verdade e se o mecanismo de aquecimento é feito através de jatos ou não, será preciso obter imagens mais profundas do telescópio espacial Chandra. O qual, por enquanto, não está dando nenhum adeus.


Fonte: http://br.groups.yahoo.com/group/Astronomynews/messages - www.gea.org.br

Comentários

Postagens mais visitadas