A bolha cósmica misteriosa
Alguns meses atrás, uma bolha misteriosa que foi encontrada a vários bilhões de anos-luz de distância daqui. Esse tipo de objeto já era conhecido (mas não entendido) já havia pelo menos uma década. Essas bolhas, chamadas de “bolhas de Lyman alfa” por causa de sua emissão de hidrogênio, são encontradas desde que o Universo tinha uns 2 bilhões de idade, ou apenas 15% de sua idade atual. Ninguém conseguiu explicar (até agora) como essas bolhas surgiram e, pior, qual a fonte de energia que as faz brilhar.
Agora, com certa pompa até, observações com o telescópio de raios-X Chandra conseguiram desvendar esses mistérios. Em uma conferência alardeada coma a que revelaria mistérios do início do Universo, J. Geach, da Universidade de Durham, conseguiu mostrar que as bolhas não passam de um dos estágios de formação de galáxias ocorridos no início do Cosmos.
De acordo com os modelos, as galáxias se formam quando o gás é atraído pela ação da gravidade e acaba esfriando ao emitir radiação. Este processo para quando o gás que está em queda ainda é aquecido pela radiação da própria galáxia e dos buracos negros que nela se formam. A suspeita até agora era que essas bolhas representassem um desses estágios, o de captura de matéria ou o de repulsão do gás. Beleza – mas entre um estágio e outro a diferença é de meros bilhões de anos.
Baseados nos novos dados do Chandra e com alguns argumentos teóricos, Geach e seus colaboradores mostraram que o aquecimento do gás causado por buracos negros supermaciços em processo de crescimento, ou pelos surtos de formação estelar na galáxia, consegue energizar as bolhas. A partir disso, a hipótese mais provável é a de que as bolhas de gás representam o estágio quando as galáxias interrompem seu processo de rápido crescimento por acréscimo de matéria, justamente por causa desse aquecimento interno.
Este é um estágio crucial na evolução das galáxias e representa o limite final de acúmulo de matéria, quando tanto as galáxias quanto os buracos negros param de crescer a altas taxas e acabam por repelir a matéria circundante e dando origem às misteriosas bolhas. Isso é mostrado na figura acima, onde à esquerda está a bolha mais distante (que foi observada pelo Subaru), junto com imagens do Hubble, do Spitzer e do Chandra. À direita, temos uma ilustração para entender o processo de como a radiação interna excita a nuvem de gás circundante.
Somente a imagem do Chandra levou 4 dias e 15 horas para ser adquirida.. Mas, comparando isso aos mais de dez anos de mistério, foi um investimento baixíssimo
PS. Quanto ao “novo” Hubble, nenhuma notícia, que eu saiba. Perguntei a um colega que trabalha na ESA, mas até agora ele não me respondeu. A caracterização e integração de tantos instrumentos novos deve mesmo levar algum tempo. O negócio é esperar!
Fonte: www.gea.org.br
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