Asteroide 2012 DA14
Mensagem recebida via e-mail de Margarete Jacques Amorim (NEOA-JBS).
Texto de Nelson Falsarella
Nelson Falsarella
Texto de Nelson Falsarella
ASTERÓIDE PASSARÁ QUASE RASPANDO NA TERRA
Nelson Falsarella
Médico e astrônomo amador
Médico e astrônomo amador
No dia 15 desse mês, uma grande pedra estimada em 45 metros , vai rolar na direção da Terra. Pelos cálculos prévios, ele não vai se chocar com o nosso planeta, mas passará a 34.000 km da superfície da Terra. Essa distância é menor que a altitude dos satélites geoestacionários, que estão a 35.800 km , responsáveis pelos sinais de comunicação e análise meteorológica. Embora passe tão perto, ele não poderá ser visto a olho nu. Com uma magnitude estimada em +7, ele terá um brilho pouco além do limite da observação humana à vista desarmada, embora possa ser detectado por binóculos e telescópios pequenos. Mas durante a sua maior aproximação, ele não estará visível do Brasil, mas sim na África e Oceano Índico e um pouco da Austrália. O asteróide rasante foi denominado 2012 DA 14 e foi descoberto no Observatório OAM em La Sagra, Espanha, em fevereiro do ano passado, quando ele já passou perto, a 2,6 milhões de km da Terra.
O tamanho do asteróide torna-o potencialmente perigoso, pois apesar de medir cerca de meio campo de futebol, ele faria grande estrago no choque com a baixa atmosfera e na superfície, seja no mar ou no continente. Atualmente, a ciência já possui noção do poder destrutivo dos asteróides e núcleos de cometas que possam chocar-se com os planetas, inclusive a Terra. Os asteróides, que passam próximos da Terra, possuem velocidade média de 42 km por segundo. Nessa velocidade, o objeto caindo, faria o ar atmosférico afastar-se num fortíssimo deslocamento, para dar espaço para o asteróide, capaz de derrubar tudo que estivesse próximo do epicentro do impacto. O choque com a superfície seria avassalador, abrindo uma cratera de centenas de metros de largura. Podemos considerar que uma rocha de 50 metros poderia destruir uma cidade inteira. Por coincidência, a famosa cratera do meteoro, no Arizona, EUA, possui 1.200 metros de diâmetro e calcula-se que foi causada por um asteróide de 50 metros , há 50 mil anos atrás. O mesmo tamanho de objeto deve ter atingido a distante e deserta de civilização, na região siberiana de Tunguska, em 1908, causando uma destruição de 4.000 Km2, arrancando árvores até com raízes, a 40 km do local do choque. Há relatos que a onda de choque atmosférica deu duas voltas no mundo. O asteróide que gerou a extinção de 75% dos seres vivos na Terra, inclusive dos dinossauros, há 65 milhões de anos atrás, deveria possuir 10 km de diâmetro e criou uma cratera de 180 km de diâmetro na Península de Yucatán, no México.
Essa pequena distância, no qual o asteróide passará, não é recorde, pois já tivemos um caso, em que um asteróide descoberto no espaço, vindo em nossa direção, foram em seguida feitos cálculos do local e data de impacto e finalmente ele caiu da forma como tudo foi previsto. Trata-se do asteróide 2008 TC3, de apenas 3 metros de diâmetro, que caiu na África, mais precisamente numa região desértica do Sudão, numa velocidade de 12,5 km por segundo. Os pedaços do asteróide foram depois recuperados, na forma de meteoritos, sendo depois analisados cientificamente. Curiosamente, esse asteróide foi descoberto apenas um dia antes de sua queda, não deu tempo nem de avisar os meios jornalísticos.
Quando a ciência do impacto se deu conta da grande quantidade de asteróides que passam pela Terra, começou uma preocupação com um possível impacto gigante, podendo gerar destruição de cidades e até continentes, do qual estamos completamente vulneráveis, o que gerou grande especulação científica e também no campo da arte cinematográfica.
Os choques cósmicos são um tipo de fenômeno muito comum no sistema solar. Os corpos celestes são repletos de crateras de impactos. Todas as crateras lunares são de impacto de asteróides, que se preservam devido à ausência de erosão pela falta de uma atmosfera lunar. No nosso planeta, já foram identificadas 815 crateras de impactos. No Brasil, conhece-se dozes crateras, sendo a mais exuberante a da Serra da Cangalha, no estado de Tocantins, de 13 km de diâmetro. A ciência tem detectado choques recentes de cometas com o Sol e outros com os planetas Marte e Júpiter, com certa freqüência.
Atualmente existem programas de observações e monitoramento do céu, com a finalidade de detectar os prováveis asteróides potencialmente perigosos de se chocar com o nosso planeta. Até fevereiro de 2013, a soma de asteróides, maiores que 150 metros , já atingiu o número de 1.376 e continua aumentando com novas descobertas. Esses asteróides passam a ter suas órbitas monitoradas, na tentativa de prever datas de possíveis choques e buscar em seguida alternativas de fuga do local do impacto ou mesmo fazer mudanças na sua direção para afastar-lo da trajetória de colisão.
O asteróide 2012 DA 14, possui órbita típica de uma família de asteróides que cruzam a órbita da Terra, chamada Apollo. Até esse mês, essa família já possui 5.202 asteróides conhecidos, muitos deles com potencial chance de impacto com o planeta Terra.
Analisando os asteróides potencialmente perigosos através do método espectro de reflexão e analisando a trajetória de alguns meteoros, cujos meteoritos foram achados e recuperados depois, foi possível identificar o tipo de rocha que constitui esses asteróides, concluindo-se tratar dos famosos condritos ordinários, que também é considerado como o tipo de meteorito mais freqüente de cair na Terra. Os meteoritos são originados de rochas menores que os asteróides, chamados meteoróides, do tamanho de uma casa ou de um carro, ou menores ainda, que são desgastados e quebrados durante o choque com a atmosfera, durante o fenômeno de meteoro, e caem pequenos e praticamente inofensivos na superfície terrestre. Cerca de 26.000 meteoritos maiores que 100 gramas , caem na Terra por ano. Os condritos, de uma forma geral, são rochas muito antigas, possuem 4,56 bilhões de anos, foram originados durante a fase de formação do Sistema Solar, antes mesmo da formação completa do Sol e dos planetas.
O espectro de reflexão do asteróide 2012 DA 14, já demonstrou ser um condrito ordinário raro, do tipo espectral L, de cor avermelhada.
Devido a esse estudo, conclui-se que os meteoritos condritos ordinários, foram desprendidos dos asteróides potencialmente perigosos, possivelmente por choques no espaço, fato comprovado pela existência de sinais evidentes de alterações térmicas nessas rochas.
Depois eles mantiveram órbitas parecidas aos seus genitores e por serem mais abundantes, possuem uma tendência maior de queda na Terra, como podemos certificar.
Nelson Falsarella
Comentários
Creio que nem a Nasa e nenhum outro observatório tenha descoberto estes objetos recentemente até porque para quem desenvolve projetos avançadíssimos fica "simples detectar esses objetos"... Ou será que não há interesse em divulgar o real perigo devido ao pânico que geraria?
Na verdade sou desta última opinião, até porque o que há de predições sobre catástrofes é impressionante!
Eu prefiro saber a verdade!